terça-feira, 19 de março de 2013

Contratando subordinados

Quando um automóvel apresenta um defeito, é de vital importância procurarmos um bom profissional a fim de solucionar os problemas. Contudo, não são raras as vezes que acabamos deixando de procurar a orientação e o trabalho de um especialista para dar lugar aos serviços de um "profissional" menos gabaritado. Os motivos que nos levam a fazer isso podem ser diversos, mas comumente essa busca menos especializada ocorre quando nos falta dinheiro ou quando queremos economizá-lo. O resultado disso é um serviço que, digamos, "dá pro gasto", e o problema de o serviço dar apenas "para o gasto" é que, no futuro, essa solução menos criteriosa pode se tornar uma dor de cabeça num pulo.

O mesmo também pode vir a ocorrer nos jogos de RPGs, quando falamos de contratados e subordinados (os famosos hirelings). Normalmente mais usados em jogos solos ou com poucos PJs, os hirelings são procurados para satisfazer a falta de mão-de-obra no grupo. Suas funções são mínimas e de baixa complexidade, girando frequentemente em torno de objetivos como "atacar", "defender" e auxiliar o grupo de forma geral. Levando-se em conta que não são heróis nem aventureiros, não é de se esperar que  pratiquem atos de heroísmo, a despeito de uma boa promessa de recompensa poder os induzir a atuar de forma suicida. Os arquétipos são de beberrões, brigões e valentões; soldados proscritos, bandidos e até mesmo expatriados sem caráter com nenhuma forma de subsistência garantida. Para alguns deles, seguir heróis em atividades insalubres parece ser bem mais prazeroso do que verdadeiramente é ("uma fonte de lucro fácil").

Mas até onde vai a utilidade destes subordinados?

Assim como os famosos "mechânicos" (mecânicos sem muita capacitação técnica), contratados também podem vir a ser de grande valia na realização de pequenas tarefas. Porém, inapelavelmente não são todos os brigões e beberrões da taverna que sabem utilizar mais armas do que uma simples espada; nem são muitos os que possuem força de vontade o suficiente para andar por dias, seguindo trilhas, estradas e caminhos em terras ermas (ou masmorras claustrofóbicas) carregando armaduras e objetos pesados. Quantos deles receberam treinamentos militares? Quantos racionam comida a fim de auxiliar o grupo? Quantos, ao serem pegos ou atingidos fatalmente, não vão revelar a posição de seus companheiros, gritando e chamando por seus nomes enquanto olham na direção das sombras que utilizaram para se esconder da aproximação inimiga?

Subordinados combatentes são uma ótima saída em incontáveis situações, mas fica à faculdade do mestre acrescentar um toque de realidade a estes NPCs, fazendo com que eles também possam virar dores de cabeça e preocupações se escolhidos erroneamente. Essa medida pode facilmente elevar o status "heróico" dos PJs e a moral dos jogadores sem que fiquem diretamente mais poderosos na ficha (com números e super-poderes), ocasionando até mesmo uma forçação de planejamentos. Já que contratar "mechânicos" para o grupo pode vir a acarretar problemas gravíssimos, os jogadores pensarão duas vezes antes de compor a comitiva para invadir uma masmorra ou encarar uma batalha complexa, como enfrentar uma Medusa ou até mesmo um Dragão. Com o tempo, ficará claro para eles que despender peças de ouro quando da contratação de subordinados pode vir a ser um bom investimento para o futuro: afinal, economiza-se peças de ouro não comprando poções de cura para os ferimentos que certamente serão ocasionados por um erro ou outro do contratado e economiza-se não tendo que contratar outros empregados por advento da morte do antigo.

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